A Warner mudou de novo. E agora?
Os próximos passos para as demais plataformas seguindo a fusão entre WarnerMedia e Discovery.
Semaninha agitada para o mundo dos streamings! Depois da fusão WarnerMedia-Discovery, começou a circular uma conversa da possível aquisição do catálogo da MGM pela Amazon, analistas refletem sobre o futuro da Comcast e a semana dos upfronts, que terminou na quarta-feira (!), indica que até mesmo as redes abertas estão atrás de um lugar ao sol no on demand.
Amazon + MGM
O novo papo de corredor é que a Amazon teria feito uma oferta de US$ 9 bilhões para adquirir a MGM. Em dezembro do ano passado, a Variety já havia confirmado que o catálogo estava à venda, a princípio por no mínimo US$ 5,5 bilhões. Agora, a gigante do e-commerce estaria na frente nas negociações, cujo valor final pode ficar entre US$ 7 e 10 bi.
A questão é que a história da MGM é um verdadeiro caos e passa por vendas e revendas desde 1967. Resumindo beeeem, em 1986 o acervo cinematográfico e a programação de TV foram comprados por Ted Turner, e por isso agora pertencem à WarnerMedia (e/ou ao Discovery, o que já exemplifica o caos).
Portanto, o que Jeff Bezos negocia são as produções pós-1986 e o que era da United Artists e foi adquirido pela MGM em 1981. A Amazon não teria acesso aos clássicos do estúdio, que pertencem à Warner e são uma parte essencial do catálogo da HBO Max.
Mas isso não significa que não existam títulos relevantes dentro deste pacote que pode acabar na Amazon. Entre os mais conhecidos temos ‘Sete Homens e Um Destino’, ‘O Silêncio dos Inocentes’, ‘Rocky Balboa’ e ‘Creed’, ‘Robocop’, ‘A Pantera Cor de Rosa’, ‘Chucky, o Boneco Assassino’, 50% de ‘James Bond’, ‘Legalmente Loira’, ‘Tomb Raider’. Também estão incluídos ‘Teen Wolf’, todos os ‘Stargate’, ‘Vikings’, ‘The Handmaid’s Tale’ e ‘Fargo’.
Tudo isso, 4 mil filmes e 17 mil episódios de TV, se uniriam ao catálogo já existente do Prime Video. Caso a aquisição se confirme, a navegabilidade e o UX Writing altamente questionáveis da plataforma tornam-se uma questão ainda maior. É urgente que o streaming passe por uma atualização que torne seu design mais atraente e fácil de navegar. Se tornar relevante na guerra do streaming é uma questão de investimentos em conteúdo e tecnologia, pois é a eficiência da dupla que mantém o assinante interessado.
O futuro da Comcast
O que a fusão Warner+Discovery tem a ver com o futuro da Comcast, você pergunta. Bem, antes do anúncio da segunda-feira, circulavam boatos de que era a Comcast que estava conversando para adquirir a WM, e o surgimento do Discovery na conversa fez muitos investidores e analistas questionarem: e você, Brian Roberts?
O resultado foi que as ações da companhia que é dona da NBCUniversal caíram 5,5% na segunda, e enquanto alguns especulam sobre uma contraoferta, outros lembram da parceria que a HBO tem o canal Sky na Europa, que é da Comcast, e quais consequências esta pode sofrer.
Analistas de Wall Street consideram, no geral, a queda nas ações do dia 17 um exagero, mas divergem sobre caminhos e opções para o futuro da companhia.
Com essa mudança de rota da AT&T em relação à produção de conteúdo, a Comcast é a única que permanece apostando no modelo de integração vertical. Alguns analistas sugerem uma aproximação com a Viacom, embora a princípio uma fusão esteja fora da órbita da empresa.
Mesmo assim, outros analistas não descartam a possibilidade de a Comcast flertar com algum tipo de joint venture, o que seria certamente interessante para a empresa levando em consideração a iminente expansão global do Peacock — que deve ser detalhada nos próximos meses ainda este ano.
A conclusão da história é que as repercussões desta nova empreitada WarnerMedia-Discovery inevitavelmente continuarão a ser sentidas por outros serviços e outras empresas. Isso é parte do efeito de uma pressão dos investidores para que as concorrentes também busquem aumentar o seu poder de fogo, seja através de integrações ou do lançamento de novos produtos.
Por isso, um cenário em que o streaming se torna cada vez mais um setor extremamente competitivo, mas de difícil imersão para players menores, parece ser o futuro da distribuição de conteúdo VOD, e justamente por isso a regulamentação se torna uma questão ainda mais urgente. Se teremos quatro ou cinco grandes plataformas dividindo todo o market share, é preciso garantir retorno deste investimento para a economia nacional e para os produtores e criadores de conteúdo.
Netflix e Disney devem se preocupar?
Com a união de poderes WarnerMedia/Discovery (espero que anunciem logo um novo nome, e de preferência menor!), a divisão do mercado se refaz. De acordo com dados do grupo Antenna Analytics, o novo grupo poderia deter a 3ª maior base de assinantes dos Estados Unidos, de acordo com dados de abril deste ano. Veja o gráfico.
Segundo o estudo, a Disney (com Hulu, ESPN+ e Disney+) teria 40% do mercado, Netflix teria 28% (houve uma queda substancial no último ano, vale lembrar) e a união de HBO Max e Discovery+, 13%.
Com essa divisão, a princípio passa longe de dominar o mercado. Mas não é necessário que a HBO Max, ou a nova formação da Warner, vença a guerra do streaming. Estudos indicam que o estadunidense médio assina entre três e cinco plataformas (no Brasil, a última média indicava duas), portanto basta que o serviço esteja dentro deste número. Não precisa ser o primeiro.
(Ou o segundo.)
Mas, se na teoria as perspectivas são boas, ainda precisaremos ver o que isso significa na prática. Sob a gestão mais tradicionalista de David Zaslav, a HBO Max deve entrar em acordos B2B com plataformas como Roku e Amazon Fire Stick (segundo nota Andrew Rosen, via Observer). Isso cede o controle das informações a terceiros e de certa forma pode limitar o crescimento do negócio, ainda mais dentro de um ecossistema em constante transformação.
A nova realidade da semana dos upfronts
Há poucos anos, falar em ‘semana dos upfronts’ era o sinônimo de falar ‘semana do inferno’ para jornalistas que cobrem televisão e séries. Claro, sempre bateu a vontade de cobrir os Upfronts e o TCA pessoalmente, mas de qualquer forma estamos falando de dias e mais dias de muito trabalho, muitos painéis, muitas prévias, renovações e cancelamentos, e pouco descanso.
Mas não em 2021.
Para os sortudos que não sabem do que se trata, a semana dos upfronts é basicamente uma semana de conferências em que as Big Four (CBS, NBC, ABC e FOX) anunciam o line-up da próxima temporada de estreias, algo que já não importa tanto quanto importava antes do boom do streaming, quando arrancávamos os cabelos se uma emissora escolhia um péssimo lead-in para uma série com potencial, ou quando a sua favorita ía para a sexta-feira ou para o timeslot de ‘The Voice’ ou ‘Grey’s Anatomy’.
Hoje, as companhias optam por tentar vender os benefícios do conglomerado — os upfronts, afinal de contas, servem para atrair anunciantes para os intervalos daquelas atrações. Apesar de o modelo linear estar definhando, ele ainda existe representa uma bela fatia do mercado. Sistemas como o Live TV do Hulu e as plataformas AVOD ou ad-supported acabam interpretando um papel importante nestas trocas, e o próprio relatório da Nielsen nos confirma semana após semana que as séries procedurais das redes abertas continuam sendo extremamente atraentes para os assinantes da Netflix.
O editor da Vulture Joe Adalian, e autor da newsletter Buffering, afirma que as networks estão em ‘modo de sobrevivência’, apostando em mais uma leva de reboots, remakes e spin-offs de séries que já existem. ‘NCIS’, ‘Law & Order’, ‘FBI’, ‘The Wonder Years’… é uma sucessão de anúncios que insistem no mais do mesmo — sem falar nas séries que vão deixar a CBS para se tornarem originais Paramount+. É como se as emissoras estivessem admitindo que não há para onde crescer, e se contentando com o que já está ali para não perder o que ainda resta de audiência.
A versão ad-supported da HBO Max nos Estados Unidos vai custar US$ 9,99 (a outra custa US$ 14,99), e não vai ter a opção dos filmes day&date com o lançamento nos cinemas. Sinceramente? Achei caro e meio balela.
Falando na HBO Max, informações sobre o seu lançamento no Brasil serão divulgadas no próximo dia 26, quarta-feira, às 11h, nas redes sociais da plataforma.
A Warner engoliu os temas da semana, mas nos próximos dias devemos ficar de olho no retorno gradual aos cinemas nos Estados Unidos, no comportamento do público e nas bilheterias.
Entre Me sinto bem com você, a segunda temporada de Special, e o filme de zumbi do Zack Snyder, nada é realmente interessante a ponto de ser considerado quente, mas também não chegam a ser completas frias. Vamos então com o documentário da Pink ( Pink: All I Know So Far, no Prime Video) e a continuação de O Caso Evandro.